Balbucio bilíngue em crianças: o que é, por que acontece e como lidar

Nos primeiros anos de vida, exposição a mais de uma língua influencia o desenvolvimento da fala.

Quando uma criança está aprendendo duas línguas ao mesmo tempo, é comum que pais e educadores percebam um fenômeno conhecido como “balbucio bilíngue”.

Mas o que exatamente significa esse termo? Por que o pequeno aprendiz mistura palavras e sons de diferentes idiomas na fala? E, mais importante, como agir para ajudar no desenvolvimento da linguagem?

Entenda melhor esse processo a seguir!

O que é o balbucio bilíngue?

O balbucio bilíngue é a fase inicial do desenvolvimento da fala em crianças que estão expostas a mais de um idioma desde cedo.

Diferente do balbucio típico dos bebês monolíngues, que consiste em sons e sílabas repetidas sem significado, no balbucio bilíngue eles começam a experimentar palavras e estruturas gramaticais de duas línguas simultaneamente.

Nessa etapa, é comum que o sujeito misture vocabulários, faça combinações entre idiomas ou até mesmo crie “palavras híbridas”. Isso não indica confusão, mas sim o esforço do cérebro para organizar e assimilar os dois sistemas linguísticos.

Por que acontece o balbucio bilíngue?

O cérebro infantil tem uma plasticidade muito grande, ou seja, ele consegue se adaptar facilmente a novas informações. Quando uma criança recebe estímulos em dois idiomas, sua cognição está “construindo pontes” para entender e utilizar ambos.

Essa mistura acontece porque, no começo, as fronteiras entre os idiomas ainda não estão definidas. O bebê aprende que determinadas palavras ou sons pertencem a contextos diferentes, mas isso leva tempo para ser consolidado.

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Além disso, o balbucio bilíngue pode variar conforme a fluência vs. proficiência em inglês, por exemplo. Então, se seu filho escuta mais o português, pode acabar inserindo palavras em inglês para preencher lacunas no vocabulário ainda em formação.

Como lidar com o balbucio bilíngue?

Antes de tudo, é importante que os pais saibam que o balbucio bilíngue é um comportamento normal e saudável. Aqui estão algumas atitudes que ajudam no desenvolvimento da linguagem:

• a mistura de línguas não deve ser motivo de preocupação imediata. Evite corrigir a criança de forma abrupta ou insistir que ela fale “só uma língua”;
• ofereça oportunidades frequentes e consistentes para a criança ouvir e praticar ambos os idiomas, respeitando seu ritmo natural;
• tente criar situações em que cada língua seja usada separadamente, como falar português em casa e inglês na escola ou com amigos, para ajudar a criança a diferenciar os ambientes linguísticos;
• ao escutar a criança falando, repita as frases corretamente, modelando o uso correto das palavras sem pressionar;
• caso a criança demonstre atrasos significativos na fala ou dificuldade de comunicação, busque orientação de fonoaudiólogos especializados em bilinguismo.

Quando o balbucio bilíngue pode ser um sinal de alerta?

Embora a mistura de línguas seja esperada, alguns sinais indicam que pode ser necessário um acompanhamento mais próximo:

• a criança não forma frases completas em nenhuma das línguas até os 3 anos.
• dificuldade persistente em pronúncia e compreensão.
• falta de interesse em interagir verbalmente com outras crianças ou adultos.

Nesses casos, um profissional pode identificar se há alguma dificuldade associada, como atraso de fala ou transtornos do desenvolvimento.

Em resumo, o balbucio bilíngue é uma etapa natural para crianças que aprendem duas línguas desde pequenas. Com apoio adequado, ambiente estimulante e respeito pelo tempo da criança, essa fase passa sem causar prejuízos. Pelo contrário, costuma indicar um aprendizado rico e promissor.

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